23 de novembro de 2018

Eternidades


Amores são eternidades.
Não me contento com o que é temporal, com princípio, meio e fim...
Quero o que é imortal, quero o que não sucumbe, não acaba.
Amores são flashes de luzes na escuridão da noite, as estrelas cadentes da nossa existência...
O tempo é cíclico, começa e recomeça, sem chance de terminar, ah os amores, flashes de luzes fugazes em meio a vida.
Ai que delícia de vida tem aquele que ama eternidades e se entrega a amores que não podem ser medidos, nem definidos, apenas podem ser intensamente vividos!
Flashes de vida, aquilo que a memória se recusa a esquecer e que
enquanto lembrar existe e quando esquecer, permanece.
Fica escondido em algum lugar do universo, esperando o despertar...
Se a vida é impermanência, eu resisto!
Eu quero que seja para sempre.
E eu sei que assim será, até que acabe!




22 de outubro de 2018

Na estrada

Olhe por trás do sorriso, há uma estrada de histórias... 
Sou a soma delas, mas não sou só isso, sou inacabada, porque tenho essa vontade do que ainda não vivi.
Há um caminho pela frente, eu posso enxergá-lo... 
É ele que me move e o nomeei de Esperança!
Vem comigo! A estrada é linda e vale a pena!





13 de outubro de 2018

A infância é a nossa pátria


A infância é a nossa pátria
A nossa casa ficava em uma rua sem calçamento, ladeada por casas simples, a maioria de madeira, uma ou outra de alvenaria, algumas mais imponentes e bonitas, mas a maioria muito simples.  Os muros eram baixos e os portões nunca ficavam cadeados, eram tempos em que a violência era algo distante e não fazia parte do nosso dia a dia.
O cenário da minha casa era muito simples, uma casa de tábuas verdes com um chão vermelho encerado, um pátio com areia, cachorros, um pé de ameixa e dois pés de goiaba, nos quais subíamos com frequência.
Éramos cinco irmãos, quatro meninas, Gisele, Luciane, Patrícia e Tatiana e o último, Thiago, o menino que meu pai tanto desejou.  Sou a segunda filha desta prole numerosa e ruidosa, de fato demos muito trabalho aos nossos pais e avós.
Crescemos com poucos recursos financeiros, porém com uma infância proporcionada por liberdade, bons brinquedos, passeios e livros. Muito cedo descobri que meus pais trabalhavam e viviam por nós.
Essa liberdade era o desafio maior de nossos cuidadores, porque as brincadeiras na rua, as subidas em árvores, os tombos de bicicleta, nos renderam algumas idas ao hospital, alguns pontos e cicatrizes pelo corpo.
Em uma dessas peraltices, lembro-me como se fosse hoje o dia em que minha irmã Tatiana perdeu o dedo do pé na carona da bicicleta da minha irmã Gisele. Estávamos na praia, em Cidreira, nossos veraneios quase sempre foram nessa praia, nossos pais reservavam um dinheirinho para as férias, isso era sagrado. Bom voltando ao episódio, as duas manas saíram para uma volta de bicicleta e a minha irmã colocou acidentalmente o pezinho na correia da bicicleta e o estrago foi feito. Bem que minha mãe tentou um reimplante do dedo, mas estávamos a três horas do hospital, sim era mais longe do que hoje, os carros e as estradas eram outras e minha irmã teve que conviver com o fato de não ter o dedão do pé.
Além dessa situação poderia enumerar outros casos de tombos e arranhões, não tão trágicos, porque facilmente esquecemos e ficaram as lembranças gostosas das tardes ensolaradas, dos banhos de mangueira, das primeiras idas ao colégio e dos cheiros que até hoje me convidam às lembranças.
Alguns desses, eu não esqueço e me enchem de nostalgia, o cheiro de leite quente na caneca de alumínio, o cheiro de livro novo, esse ainda me enfeitiça tanto! O cheiro da borracha e o “fedor” de banana das merendeiras. Isso vive em mim com força e quando eles aparecem me recrutam a esse tempo tão bem vivido.  
O nosso convívio com os avós foi uma benção a parte, eles eram passionais, apaixonados por nós e nossos defensores em todos os momentos, tanto meu avô, quanto a minha avó, cumpriam um papel de guardiões da infância, não queriam que nada pudesse nos atrapalhar e sempre que algo pudesse nos ameaçar, lá estavam eles nos protegendo, muitas vezes de forma exagerada. Mas dizem por aí, que amor de avós é muito diferente, eu espero viver esse amor para comprovar. Em um desses episódios exagerados lembro-me do meu avô nos levando embora de uma festinha de aniversário, porque minha irmã tinha levado uma mordida de uma outra criança e ele disse que tinha “cachorro louco” solto na festa. Pois então, eram exagerados, mas exagerados no amor.
A vida oferecia possibilidades diferentes, mais simples, éramos curiosos, inventivos e criávamos todo o tipo de cenário para as nossas brincadeiras.  As bonecas sempre foram o meu brinquedo preferido, a Suzi era a Barbie dos anos 70, além das bonecas de papel que comprávamos na banca e podíamos trocar as roupas. Mas eu também gostava das brincadeiras de rua, “sapata” era o nome da amarelinha. E para jogar “sapata”, colecionávamos todo o tipo de pedra ou entulho de obra.
As brigas entre irmãos quase sempre eram em função de um ou outro brinquedo estragado, ou em função de uma “delação premiada”, quando alguém entregava o autor da peraltice, aí a coisa ficava feia. Puxar os cabelos até o chão era uma estratégia de briga recorrente, até que nossos pais exigissem que “fizéssemos as pazes” e tudo voltava a ser alegre.
                Assistíamos a televisão juntos, só dois canais a escolher. Havia um consenso coletivo, não me lembro das brigas e disputas infantis serem em função da TV. Só havia um aparelho na casa e estava tudo bem.
Assistíamos ao Sítio do Pica Pau Amarelo e as aventuras de Pedrinho e Narizinho eram muito parecidas coma as aventuras que vivíamos. Assim acreditávamos...
Quanto a mim, sinto falta dessa fantasia, dos cheiros e das angústias aventureiras da época. Quando fazíamos uma arte, a torcida era para que os pais não descobrissem. Nisso havia a cumplicidade da Dona Neda, uma Dona Benta, toda nossa, que ralhava quando precisava, mas que era nossa cúmplice em todas as aventuras.
Dela ficou um jargão em forma de ensinamento que se perpetuou para os bisnetos e tataraneto: “Bota sentido, no que estás fazendo, bota sentido...”  Ela sem nunca ter concluído uma etapa do colégio já sabia da importância da atenção plena, hoje tão falada e conhecida como mindfulness.  Que saudade!
Mas a vida não é perfeita, o roteiro às vezes muda, pois foi  também na infância que vivenciei algumas doenças sérias e que de uma forma ou de outra foram me constituindo e me tornando a cada dia mais resiliente. Dizem que a infância é a nossa pátria. Creio que seja assim mesmo...


24 de setembro de 2018

Borboletário da Vida


O Borboletário da vida é um projeto que utiliza a cultura da palavra (literatura, cinema e música) como ferramenta de enfrentamento do câncer.  Surgiu a partir das demandas vivenciadas por Luciane Bernardes, idealizadora do projeto, pedagoga e paciente oncológica; foi oficialmente fundado em 28/08/2018.
O objetivo principal é ampliar o repertório cultural dos pacientes com câncer, para que eles possam ressignificar as suas experiências durante o tratamento oncológico e possam usufruir de uma melhor qualidade de vida. Acredita-se que o contato com as histórias e com a música pode possibilitar ao paciente um processo de catarse, onde as suas angústias e medos são representadas em outros contextos, com personagens que frequentemente passam pelas mesmas preocupações e conflitos que surgem junto com uma doença grave. Além disso, uma boa história e uma boa música trazem alegria e plantam a esperança em dias melhores.
Diana e Mario Corso, no seu livro Fadas no Divã, apresentam as histórias como uma “boa caixa de ferramentas” que auxiliam as pessoas no confronto com as adversidades da vida. Segundo eles quanto maior for o repertório de histórias maior é a capacidade de enfrentamento positivo de uma situação limite.
A experiência pessoal da idealizadora serviu de inspiração ao projeto, ela acredita que podemos utilizar o poder de boas palavras e boas melodias nos locais nos quais os pacientes recebem o tratamento. Ela atesta, como paciente oncológica, que boas histórias e boas músicas a ajudam diariamente. A ideia é levar a cultura da palavra aos pacientes e espalhar mais felicidade, esperança e resiliência.
O projeto tem como missão o empoderamento dos pacientes através da educação e da cultura.
Queremos oferecer aos pacientes saraus literários, serenatas musicais sessões de cinema comentadas, flyers com dicas de cultura e lazer. Também temos a pretensão de auxiliar na reestruturação dos espaços hospitalares através de um ambiente mais humanizado com sonorização e acesso a um pequeno acervo literário.
Para isso já temos mais de trinta pessoas que se reuniram para levar conforto e alegria através de bons livros e boas dicas de filmes e de músicas.
A primeira ação é levar a mala literária aos locais de tratamento para ofertar bons livros aos pacientes. Essa ação ocorre em parceria com a Casa Camaleão, por ocasião do Natalenço, nos meses de novembro e dezembro deste ano.
Quer nos ajudar?
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E fique atento às novidades e aos nossos pedidos!

30 de agosto de 2018

Casa Camaleão


Chego em casa às 17h, após os exames e as reflexões diárias, penso se irei ao curso de autobiografia.  Apesar da vontade de ficar em casa, decido ir, talvez o dia se mostre melhor do que começou. Tenho aula na Casa Camaleão e não quero faltar.
Hoje o dia foi puxado, exames que agora são rotina, mas que me invadem e me arrancam um pouco desse mundo, sinto que me alma fica pendurada no mundo de cá e no de “lá”, me sinto suspensa no ar, em uma dobra do tempo que só se estica de novo quando os resultados saem.  Demorei muito para perceber que a minha vida ganharia uma nova identidade com o surgimento do câncer, lutei muito para não me ver como uma paciente oncológica, na verdade lutei por sete anos, queria esquecer as desventuras que me atingiram no primeiro câncer.   E não teve jeito, ele voltou e me colocou para dentro dessa realidade concreta que é o tratamento oncológico, hoje trato o terceiro tumor.  Passados alguns meses do período mais difícil, a quimioterapia e a radioterapia, me livrei da fisionomia de sobrevivente do holocausto, os cabelos já parecem normais... Mas a vida está longe de ser como um dia foi. Aos 41 anos quando o primeiro tumor apareceu, eu quis muito a minha vida anterior de volta, hoje com 49 eu vejo que o câncer tem sido meu mestre e já que não pude evitá-lo resolvi enfrentá-lo e ver o que ele tem a me dizer. Os sintomas começam pela manhã, acordar e levantar da cama, é o primeiro desafio, as articulações não respondem, há dores no corpo, efeitos colaterais das medicações que sigo tomando. Coloco a primeira perna para fora da cama e sinto os calcanhares fora do corpo, qualquer semelhança com a barata de Kafka, não é mera coincidência, tentativas daqui e dali, levanto.  A primeira decisão será se tomarei um analgésico ou seguirei para a academia. Quase sempre decido por sair e me movimentar, mas há dias em que ficar em casa recolhida me parece a melhor opção.
Decido ir para a Casa Camaleão, chego à sala de aula e  sinto que a cabeça começa a doer, olho para esse espaço tão cheio de significados e de energias de mulheres e homens como eu que seguem vivendo um dia de cada vez, buscando, se reinventando, se reformando por dentro e por fora e penso, vou melhorar, vou me esforçar para ficar bem, vou aguentar mais um pouquinho. Tento me distrair olhando o cenário com atenção: reparo nas perucas, a dor de cabeça se intensifica, eu imagino que elas estão ali tremulando, esperando a cabeça certa para poderem ganhar vida, imagino que há um encaixe oculto para cada cabeça, uma conexão invisível, onde é preciso saber domar aquela peruca para ela se manter em cima da cabeça, algo como no filme Avatar, onde os Navis, precisam encontrar o seu parceiro alado... Que viagem! Acho que exagerei no analgésico, o que é que eu tomei mesmo?
Mudo a minha atenção para os camarins, lindos coloridos com luzes brilhantes, eu sempre quis ter um, aqui eles servem para satisfazer esse meu desejo infantil que sigo carregando ao longo do tempo. Para mim as alegrias infantis se fazem presentes pela memória de uma cor, um cheiro, uma luz colorida, alguém mais já sentiu isso? Eu tenho guardado em mim estampas que remetem aos vestidos da minha mãe e avó... Lembro disso olhando os lenços que estão organizados ao lado dos camarins, são  coloridos, tem várias estampas. Algumas me parecem bem familiares.  Que droga de dor de cabeça que não passa! Ai,  enxerguei-me no espelho, minha aparência, não revela o meu interior, eu me esforço para parecer bem todos os dias, e é por isso que eu amo as maquiagens! Esse amor começou na infância, em uma época que meninas de 5ª série não podiam se maquiar, minha mãe dizia que eu iria ficar enrugada antes do tempo. Mesmo assim me escondia no banheiro na hora do intervalo para passar batom e lápis de olho, minhas maquiagens preferidas até hoje. Essa lembrança me fez rir, lembrando que as minhas colegas e eu aprontávamos muita coisa, e que as nossas mães sempre fingiam não perceber.
Volto ao espelho, porque não falo que estou com dor? Posso pedir desculpas e ir embora, voltar na próxima aula... Mas com essa cara será que alguém vai perceber que tem dor? Será que não vão achar que é um fingimento? Bom pode ser, mas que mania que eu tenho de me preocupar tanto com o que os outros pensam, eu sei que a cabeça está doendo mesmo. Tá, tá doendo, mas eu não sou de fiasco, sou daquelas que aguentam firme com o sorriso no rosto. Respiro e penso, que fingir não é legal, me pergunto se isso é caso de terapia, ou se é só orgulho mesmo... Tem um tanto de orgulho, mas também tem um tanto de vontade de viver, de não me fechar e de não desistir. Reparo no filtro de sonhos, peço a ele que leve essa dor embora, que me devolva ao momento, faço uma prece silenciosa, peço que essa energia que aqui nesse espaço, com certeza fica retida me ajude. Recorro a  vontade que eu tenho de me conhecer e me reconhecer , desejo que seja mais forte que a minha vontade de ir embora. Respiro, pego um chá quente e como um biscoito, me sinto em casa. Vou me concentrando nos textos das colegas, me emociono, me reconheço em uma frase aqui, em outra ali, fico feliz com elas, aprendo com o profe, esse cara jovem meio tímido que nos brinda com leituras instigantes e partilha sua sabedoria com uma simplicidade que encanta, comparo ele com o professor da série Casa de Papel, acho graça, respiro... Vou me aconchegando e de repente a dor vai ficando mais leve, não desaparece, mas fico até o final da aula e me sinto bem por isso.

20 de julho de 2018

Pausas

Uma pausa para a dor...
Na pausa da dor, a felicidade do encontro...
De pausa em pausa me encontro e encontro os meus afetos, os meus motivos, as minhas razões para ser feliz.
A felicidade é a soma das pausas das dores sofridas e imaginadas e quase nunca reveladas...
A pausa me alimenta, me faz viver e me faz esquecer, que um dia eu vou morrer!

14 de março de 2018

A hora da estrela


     O câncer quando chega faz um estrago, no corpo e na alma... É assim, não tem o que fazer, a não ser olhar para isso e tentar tirar daí alguma lição. Muito eu tenho pensado a respeito de tudo isso em que a minha vida tem se transformado. Tenho tentado controlar o incontrolável... Como se o fato de não ter saúde fosse resultado única e exclusivamente das minhas ações. É fato que aquando adoecemos uma parte nossa está gritando por socorro, ainda mais um câncer! Mas também é verdade que há pessoas que terão câncer e outras não o terão e isso independe da vontade de cada uma. 
      Nessa busca de controlar o incontrolável, tenho tentado fazer a minha parte, estou comendo melhor, evitando alguns tipos de alimentos, diminuindo a ingestão de industrializados e tentando diminuir o meu peso, o que não é tarefa das mais fáceis, mas reconheço como muito necessária. Além claro de buscar ter bons pensamentos, vigiar a mente e movimentar o corpo... Tudo isso aliado à tarefa de reinventar em mim, uma nova mulher.
      Esses dias fiz uma postagem no Facebook a respeito do fato de ter perdido os meus cabelos, pela segunda vez, e como a gente ouve: "o cabelo é o de menos..." Só que não... A perda dos cabelos leva um pouco da nossa feminilidade, da nossa identidade e essa falta temporária nos obriga a reinvenção. Com certeza não nos vemos mais como a mesma pessoa, surge outra, que ainda não conhecemos mas que precisamos fortalecer para não desistir, para que a cabeça continue em ordem e em cima do pescoço...
        É quase uma metamorfose invertida, para mim acho que foi, mas consigo olhar para isso com humor, pode acreditar! Sigo em frente, levanto a cabeça meio lagarta, meio borboleta, mas o mais importante de tudo: VIVA! Na certeza que posso superar muito mais do que imaginei. Descobri em mim uma força que vem de dentro e que me empurra para fora de mim mesma. 
       Mudamos é fato, ficamos carecas, algumas vezes engordamos e em outras tantas há muita perda de peso, mas no meu caso, não foi só isso! As mudanças externas são visíveis e qualquer um pode reconhecê-las. Porém existem outras, não físicas, marcas indeléveis, na alma, na psique, no modo de enxergar a vida. As urgências são ressignificadas, o momento exige pausas e reflexões, mas o que fica é muita fome de viver! Usufruir desse mundo de tanta coisa boa!
Lembrar que pode ser a hora de colher os morangos...
Um dia tudo acaba, mas não é agora, por enquanto sigo colhendo morangos. 
Termino citando Clarisse Lispector, no romance 'A hora da estrela': " Meu Deus, só agora me lembrei que a gente morre. Mas - mas eu também?! Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos. Sim." 
É não é que é época de morangos?!

7 de março de 2018

FELICIDADE




Hoje recebi esse vídeo do meu tio Paulo Bernardes e compartilho com a seguinte reflexão:
A felicidade para mim é muito mais uma questão de opção e de fé do que de circunstâncias. A fé em um Deus que me ama de forma infinita e incondicional me dá a certeza de que tudo que me acontece, tudo mesmo, concorre para o meu bem. Sendo assim, sou feliz e agradecida. Mas também é verdade que tem muita gente que é infeliz porque se compara com os outros, que sempre parecem mais ricos, mais felizes e mais realizados. Em tempos de Facebook e Instagram essa "invejinha" coletiva já virou tema de pesquisa... Para quem se compara eu tenho uma dica: tente se comparar com quem está em guerra, seja em casa, em um morro no Rio de Janeiro, ou na Síria... Se compare também com alguém que está privado da sua liberdade, seja por questões políticas ou por uma doença; pense também naqueles que nunca ouviram uma palavra de incentivo de ninguém, ou que agora não conseguem manter economicamente a própria vida ou família, e não tem a quem recorrer... Se compare com quem está com uma dor insuportável e não tem hospitais por perto...
A lista de infortúnios é infinita e convém não estendê-la além da conta. Pense e compare. Ao final da comparação tenho certeza que verás que tens muito para agradecer. Deus nos chama para sermos cada dia melhores, não melhores que o outro, mas melhores do que já fomos ontem, essa é a única comparação que vale!
Motivos para ser feliz, todos temos e para a infelicidade também, mas aí está o mistério do livre arbítrio, escolha a VIDA, escolha ser FELIZ e diga não ao vitimismo que tanto se espalha. A felicidade pode se tornar um hábito? Sim, concordo!

17 de fevereiro de 2018

Ezequiel

 Estou escrevendo esse post, na cama de um hospital, pois é novamente aqui me encontro...
Após dois tumores de mama, me apareceu um tumor no olho direito com o nome de Melanoma de coróide! Sim de novo! Foi um novo golpe! Porém, graças a Deus, descoberto a tempo para um nova cura! E é assim que estou enfrentando como uma nova oportunidade de cura. Está sendo difícil? Sim está, mas não vou tornar a minha dor maior do que ela deve ser.
Estou internada em São Paulo, único lugar no país onde há o tratamento para esse tipo de tumor. É um tipo raro de câncer... Até agora, tudo bem, o tratamento é relativamente aceitável, braquiterapia, direta no olho com a implante de duas placas no olho, do tamanho de sementes, para receber a radiação durante quatro dias. O tratamento foi totalmente indolor até agora. Nesses quatro dias eu fico no isolamento podendo ver somente as enfermeiras...Visitas de cinco minutos no máximo; o marido pode me ver por breve instantes, mas isso já me alivia a solidão!
Eu sou uma pessoa que não gosta de estar sozinha, prefiro a casa cheia, fiquei ansiosa com a necessidade de isolamento...
Mas agora que está acontecendo, estou calma, tenho rezado bastante e Deus tem sido minha fortaleza. Já não tenho pensado tanto, procuro ir levando o que tem me acontecido com tolerância e oração.
Tenho para mim que além da força que vem da oração da minha família e amigos, há de fato a presença calma do Senhor.
Me explico, para não acharem que estou louca...
Chegamos em São Paulo, no domingo, dia 4/02, e pegamos um Uber, o motorista um rapaz negro de 22 anos, jogador de futebol, nos contou toda a desventura sofrida, foi enganado pelo empresário, não estava mais jogando e que seu sonho era retornar aos campos de futebol. Ao final da história disse que não sabia porque nos contou, pois é assunto muito difícil para ele...Fiquei comovida com a história e pensei em rezar por ele, e desejei no meu íntimo que tudo se resolva. Ele me lembra um pouco meu filho Gustavo. Pergunto seu nome e ele diz: Ezequiel. Achei lindo esse nome, mas não pensei que era algum recado de Deus...
Chegamos ao hotel e saímos para a missa, depois pegamos um novo Uber, desta vez o carro parou em uma esquina, onde a rua se chamava Ezequiel, daí fiquei curiosa, esse nome de novo??? Mas guardei no meu coração...
Hoje me veio a inspiração para pesquisar, o significado e procurar por Ezequiel 37, e dai tive certeza, Deus me mandava dizer que ele é a minha fortaleza e que me restabeleceria, apesar de ter que passar por vales escuros, eu não temeria, ele estava comigo! Lá no versículo 5 diz o seguinte:
Assim diz o Senhor DEUS a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis.
Fiquei emocionada com essa palavra que reconstruiu em mim a minha fé e possibilitou a minha entrega total ao tratamento e ao momento em que eu estava inserida.
Daí por diante eu passei dias calmos na presença do Senhor que pairava no ar, me confortando e me servido de repouso. Ele prometeu reconstruir-me e eu estou tomando posse dessa palavra. Obrigada meu Deus!
Ah isso é só uma parte das delicadezas que ELE nos reservou durante essa aventura, tem outras, que eu vou contar em outro post...Vou chamá-lo de Maria deu o Sim pra mim!!!

GISELE

                                                                                                                                         ...